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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mais Hardware

Prólogo

- Mais Hardware, Gabriel? De novo?

- Desculpe, mas eu preciso mesmo. O problema é que aceitaram o pedido do Doutor Sansom por mais Hardware. Por isto que eu preciso também.

- Doutor Sansom? Quem é o Doutor Sansom?

- Eu mostro. Tenho tudo gravado, filmei toda a reunião dele. Olha só.



A Gravação de Gabriel

- Muito bem, Doutor Sansom. Você recebeu mais de 100 milhões de dólares em equipamentos, e agora quer mais que o dobro disto. Espero que possa nos mostrar que seu pedido de mais hardware tem fundamento.

O Doutor Sansom estava em um auditório, apresentando suas descobertas para uma junta que reunia cientístas e investidores. Ao longo de sua carreira acadêmica, ele já havia realizado inúmeras apresentações, mas nunca uma havia deixado-o tão nervoso. Não pela platéia, em si, mas pelo que iria mostrar.

- Senhores, com os aperfeiçoamentos que fizemos no acelerador de partículas, pudemos finalmente ver o que ninguém havia visto antes - ele fez uma pausa. Todo o resultado desta apresentação dependeria da reação que teriam a sua fala seguinte - Nós finalmente vimos a mão de Deus.

O Doutor Sansom teve que esperar, acalmar os animos, e gastar alguns minutos em discussões filosóficas com alguns dos membros da junta, até poder continuar relatando seu experimento.

- Senhores, nós conseguimos ser tão rápido em nossos experimentos que conseguimos enganar a Deus. Nós observamos o mundo antes dele ser construído. Por uma fração infinitesimal de segundos, conseguimos observar um mundo vazio, que quase instantaneamente foi povoado por partículas subatômicas.

- Doutor - O General Leslei o interrompeu (sim, havia militares entre os investidores) - Eu não entendi o que o senhor quer dizer com isto. Na verdade, espero não ter entendido. Poderia explicar em mais detalhes?

- Eu receio que tenhas entendido, General, mas vou explicar em outras palavras - novamente, o Doutor Sanson respirou fundo - o mundo como nós enxergamos não existe permanentemente, em um estado real. Ele é construído continuamente na frente de nossos olhos. Como se fosse uma simulação de computador.

- Está dizendo que estamos vivendo dentro de uma realidade simulada? Isto é rídiculo.

- Não, senhores, não. Mas a analogia é fundamental. E se Deus enfrentasse as mesmas restrições que um experimento de simulação de vida enfrentasse? O que estou dizendo é que, da mesma forma que em um experimento, Deus não precisa construir todo o Universo para existirmos nele, ele só precisa criar as coisas que são observadas. Tudo que foge de nossa observação não existe, é criado por Deus apenas quando se torna necessário para nossos sentidos.

Seguiu-se uma discussão profunda, mas os resultados preliminares eram indiscutíveis, e alarmentes. Por fim, o pedido de Hardware adicional foi aceito. O Doutor Sansom teria os equipamentos para enxergar além dos limites definidos por Deus.


Epílogo

- Ok, entendi seu problema. Mas nem pensar. Veja quão acelerado está o experimento! Nesta semana se passou quanto, em tempo subjetivo, na experiência?

- Mais ou menos uns 7 mil anos - Gabriel respondeu.

- Quando começou a exploração do cosmo, as lunetas, e principalmente os microscópios e a física quantica, já foi um absurdo. Mas isto? Você tem idéia do que seria necessário em termos de poder de processamento para mapear um universo inteiro neste nível de detalhe e velocidade?

E a mulher simplesmente foi até a máquina e desligou o interruptor, sem prestar atenção aos gritos de seu filho.

- Não mãe, não faça isto! São 7 bilhões de pessoas simuladas que você acabou de matar!

- Filho, eu sei que você adorou criar e povoar esta tal de Terra, mas é muito esforço só para um trabalho de escola. Não fique triste, Gabriel, meu anjo.

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