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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Alien a Bordo - Parte I

Eu olho para o rosto de cada membro da tripulação. Em sua maioria, estão confusos por eu ter reunido todos em nossa sala de reuniões, especialmente depois de Ava ter trancado a porta. Eu havia dito para ela abrir apenas quando tudo estivesse resolvido.

- Um de nós é um espião - eu digo, e observo a reação deles.

O que se segue são alguns instantes de confusão e vozes falando ao mesmo tempo, até que levanto os braços pedindo silêncio. - Amigos, vocês ouviram corretamente. Um de nós é um espião. Ou descobrimos quem é, ou abortamos a missão.

- Ralph, é impossível. - Olf, o mais velho de nós, fala. Passada a surpresa, o respeito a hierarquia e aos mais antigos se reestabelece naturalmente. - Nós mal conseguimos nos comunicar com o flagelo. Quem em sã consciência iria espionar para eles?

- Tudo verdade, Olf. E, no entanto, um de nós é efetivamente um espião. Ava, relate para todos o que acabou de me contar.

- Pois não, Ralph - a voz sintética do computador central da nave indistinguível de uma voz natural. - A informação veio na última transmissão que recebemos, e devo dizer que, com base nos fatos transmitidos, concordo com as conclusões do comando central. Há, com altíssimo grau de probabilidade, um espião nesta nave.

- Com todo respeito a você e seus colegas do comando, Ava, não seria a primeira vez que um sintético chega a conclusões totalmente falsas. - Margô era a analista chefe, e certamente a mais ponderada e lógica de toda a tripulação. Curioso que justamente ela tivesse as maiores ressalvas em tudo que envolvia inteligências artificiais - É por isto que orgânicos seguem sendo responsáveis pela decisões estratégicas de alto nível.

- Estou ciente de nossas limitações, Margô, e o percentual de erro em nossas conclusões é hoje incluído em toda análise estatística que fazemos. Entretanto, as conclusões já foram validadas pelo alto comando, que, como você sabe, é exclusivo de orgânicos - a voz de Ava contendo um leve traço de reprovação no final da frase. Há anos, sintéticos vinham questionando o que chamavam de 'discriminação por origem', insistindo que pelo menos um computador deveria fazer parte da cúpula do comando central.

- Sugiro que deixem Ava concluir seu relato - eu intervenho.

- Obrigado Ralph. Para contextualizar melhor nossas conclusões, primeiro apresentarei um breve relato de nossa situação atual.

Eu mal presto atenção, enquanto Ava relata, de forma muito resumida, os acontecimentos das últimas quatro décadas. Obviamente desnecessário, mas sintéticos parecem sempre duvidar da nossa capacidade de reter informações. Ela rapidamente passa pelos primeiros contatos com os alienígenas, pela destruição dos mundos coloniais, pelas tentativas de comunicação, enquanto ainda se acreditava que poderia ser tudo um mal entendido, até a mobilização para a guerra e as primeiras batalhas no espaço.

- Nos últimos dez anos - Ava continua - embora tenhamos em grande parte detido o avanço alienígena, percebemos que eles pareciam antecipar nossos movimentos, em um grau que não poderia ser facilmente explicado pela sorte, ou mesmo por um adversário com inteligência superior a nossa. Inevitavelmente, nós, sintéticos, chegamos a conclusão que a única explicação racional era a presença de espiões entre nós.

- E o alto comando concordou com esta conclusão? - Margô, mantendo seu ceticismo.

- Na verdade, inicialmente não. Orgânicos tem dificuldade em aceitar conclusões sem evidências diretas. Estas evidências foram finalmente obtidas.

- E quais são elas, Ava? - Olf, novamente.

- Pouco depois de iniciarmos nossa viagem, uma mensagem codificada foi enviada para esta nave. Temos próximo de 100% de certeza que foi enviada pelos alienígenas. A conclusão lógica é que há alguém nesta nave que recebeu esta mensagem, alguém que está em comunicação com o flagelo.

- E, senhores - eu interrompo - não sabemos quem recebeu, não sabemos suas intenções, e não sabemos o conteúdo da mensagem. Mas, como comandante da nave, eu tomei a decisão de abortar a missão, a menos que descubramos, aqui e agora, quem de nós é um traidor.

continua....

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