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quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Último Rei Orco - I

"Por que serão os homens que herdarão a terra?". Ele pagaria qualquer preço para saber a resposta.

O Rei Orco fechou seu olho verdadeiro, e se deixou levar pela visão do dragão. Mais que visão, era como cavalgar um dragão de verdade. Como cavalgar o vento. Ele nem viu a taça de Nectar cair no chão, escapando da mão que lhe sobrara, enquanto o vento o arrastava para outro mundo. Os soldados que o cercavam impediram que seu corpo caísse, e o colocaram com cuidado em uma cama feita de pele de carneiros.

A frente do Rei Orco, em sua visão do dragão, N-BIS, um deus menor, surgiu em meio a uma névoa sem fim, cessando, no mesmo instante, o vento que arrastara o rei até aquele local. A imagem de N-BIS era translúcida e intermitente, aparecendo e desaparecendo a cada instante. "Com dois olhos de dragão, minha visão seria perfeita, mas arrancar meu olho esquerdo já foi um preço alto demais", pensou o Rei Orco, "melhor enxergar um pouco no mundo dos deuses e um pouco no mundo mortal que ser cego em um deles".

- Um Orco, aqui? Veio entregar seu coração como oferenda para N-BIS? - A voz era sibilante, quase um uivo.

- Não vim para fazer oferendas, devorador de corações, vim para obter respostas.

- Respostas? Acaso agora os deuses são servos, e os mortais reinam supremos? Acaso agora cabe a mortais fazer perguntas, e a deuses dar respostas?

- Eu paguei o preço. Minha mão pela vida do dragão. Meu olho pela sua visão. Minha esposa em sacrifício, oferenda ao arqueiro APOL, deus da verdade. Leve-me a ele. Agora!

- Falarias assim com Z-US PAI? Com V-US ou J-VA? Pensa em mim como um deus menor, não é? Mas tudo muda, alguns sobem e alguns caem, entre os deuses assim como entre os mortais.

O Rei Orco ficou em silêncio, sem responder, mas também sem abaixar sua cabeça. Seu único olho aberto, o olho do dragão que ele colocou no lugar de seu próprio, fixo no rosto de chacal de N-BIS.

Por fim, N-BIS lhe deu as costas e falou, sem olhar para trás - Siga-me, então, último rei dos Orcos. Eu o levarei a APOL.

O Rei Orco seguiu em silêncio o devorador de corações. O olho direito, seu olho verdadeiro, sempre fechado. Abri-lo por um momento faria ele despertar de seu sonho divino.

Ou enlouquecer.

...continua...

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