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sábado, 1 de dezembro de 2012

Ardath em: O Velho e o Demônio 5/6


Kalith
   Kalith me levou para jantar antes de eu me encontrar com Lúcifer. Ela também curou meu corte no estômago, e me fez trocar novamente de roupas. Primeiro ela gritou com Kabet, por ele não ter me curado ele próprio, e por ter trocado minhas roupas comigo ainda sangrando. Depois gritou comigo por eu ter quase morrido. Eu pensei em tentar explicar que não foi minha ideia deixar uma garota louca me esfaquear, mas achei melhor seguir o exemplo de Kabet, e ficar quieto. Ser um demônio era realmente muito mais estranho que eu podia imaginar.
   - Eu que devia estar treinando você. Se aquela criatura tivesse cravado a faca um pouco mais para cima, você estaria morto, sabia? Ser um demônio não o torna invulnerável, ou nem isto Kabet lhe ensinou? - Ela falava em voz alta, mas ninguém nas outras mesas parecia perceber nossa presença. Dançarinas nuas se contorciam em um palco no centro do salão, e eu não sabia se olhava ou não para elas. No final passei todo o jantar com a cabeça abaixada, olhando para meu prato. Primeiro eu achei que estava no inferno, mas já estava desconfiando que estava em um lugar na terra mesmo.
   - Por que você se importa? Kabet não parecia muito preocupado que eu sangrasse até morrer. - na hora que perguntei me arrependi, mas ela já estava segurando minha mão e sorrindo um sorriso sedutor.
   - Todos nos importamos com você, Ardath. Nós somos uma família, nós cinco. E o vínculo entre eu e você é ainda mais forte - eu puxei minha mão e escondi embaixo da mesa. Desde a primeira vez que a vi, ela falava de uma forma sedutora comigo. Como se diz para uma demônia que ela está agindo de forma imprópria? E como você diz que não está interessado sem que ela arranque sua cabeça? Por mais simpática comigo que ela fosse, que todos eles fossem, eles mataram meu amigos. Pedro. Claudia. Os pais de Luiz.
   - Não seja tímido. E não precisa ter medo de mim. Eu não mordo. Você é um demônio que acabou de vir de sua primeira matança. Temos que comemorar. - Ela ergueu uma taça de vinho. Eu não me movi, a taça que ela tinha colocado na minha frente intocada. Eu tinha quase certeza que era o mesmo tipo de vinho que o velho havia me oferecido. A contragosto, ela colocou sua taça de volta na mesa.
   - Quem era a garota? Kabet não quis me dizer - eu perguntei em parte por curiosidade, mas mais para desviar o foco para algum assunto que não fosse eu.
   - Ela não é ninguém - a voz de Kalith agora revelava uma raiva inesperada - apenas uma pirralha que só está viva porque Lúcifer me proibiu de tocar num fio de cabelo dela. Por que você quer saber?
   Isto era estranho. Quem diabos seria a garota?
   - Por que ela não tinha medo de mim? Ela disse que não tinha medo de demônios. E quase me matou. É óbvio que vocês sabem alguma coisa sobre ela, mas ninguém quer me falar.
   - Não há nada para falar sobre ela. Ela não tem medo de demônios porque convive com eles desde sempre. Ela nasceu e cresceu no inferno, mas, fora isto, é apenas uma humana mimada e estúpida. Satisfeito? Ou quer saber mais alguma coisa sobre a garotinha? - a forma que ela falou deixava claro que eu não deveria perguntar mais nada. Mas eu ainda tinha uma pergunta que eu realmente precisava saber a resposta.
   - E o pai dela? Quem era ele? Quem foi que eu matei?
   - Ainda não é óbvio? Ele foi Ardath antes de você.

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