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sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Último Rei Orco XIX

A dor não tinha fim. Sua garganta estava rouca de gritar.

Ela ainda tinha o poder divino, mas sua voz era inútil contra o Rei dos Orcos, e ela se viu reduzida a implorar entre lágrimas, a cada vez que a dor diminuía e ela conseguia falar. Ela pediu perdão, ela jurou obediência, ela renegou JUS PATER - como se ele fosse seu deus, e ela não o tivesse renegado há muito tempo - mas o Orco ignorava cada palavra, e apenas colocava sua mão no fogo uma vez mais, sem nada dizer.

Ela havia tentado tornar-se insensível, voltar ao sono divino de quando havia recebido a voz do deus. Mas sempre que estava próxima de conseguir, sempre que sentia sua existência diminuir até quase desaparecer, o Orco pegava sua mão uma vez mais, e a dor a despertava e a fazia gritar.

Então, uma voz sussurou em sua mente, uma voz divina, como a voz que saia de sua boca quando ela falava as palavras do deus, mas não era a voz de JUS PATER. Era uma voz que ela só ouviu uma vez, e que dizia apenas uma palavra: "coragem".

E com a voz veio uma visão, que por um momento a afastou da dor. Uma visão do seu passado.

"Por que minha mãe morreu, Sharazin?" Era o sexto aniversário de seu nascimento, três anos no passado. O sexto aniversário da morte de sua mãe.

"Sua mãe visitou o templo de JUS PATER, e pediu ao deus por um filho, para continuar a dinastia de seu pai. Mas as dádivas dos deuses sempre têm um preço".

"Então foi JUS PATER que matou minha mãe". Não era uma pergunta.

"JUS PATER é seu deus. Ele criou os homens, e é a ele que deves obediência, criança".

"Mas ele não é seu deus. Eu sei que não é, eu já a vi rezando, a noite, quando achava que nós dormíamos. E não era a JUS PATER que rezava, Sharazin".

"Não, não era a JUS PATER".

"Ensine-me a rezar para seu deus, Sharazin. Ensine-me, porque o deus que matou minha mãe não vai ser meu deus".

O fogo a queimou novamente, sua mão novamente nas chamas. A quinta, sexta vez? Ela gritou um grito sem fim, e quando a chama finalmente se afastou, começou a chorar e soluçar.

- Agora diga - a voz do Orco em seu ouvido - use a voz de Z-US e diga para as muralhas de Asikli Hoyuk cairem.

E ela obedeceu.

Então a mão do Orco se enfiou em sua boca e segurou sua lingua, puxando para fora.

- E assim, foi dita sua última palavra com a voz de Z-US.

E o Orco cortou sua lingua.

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