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FICÇÃO CIENTÍFICA  -  FANTASIA  -  TERROR.


sábado, 7 de janeiro de 2017

A Exorcista

  - Você sabe por que eu a chamei aqui? - Perguntei para a jovem sentada no sofá da sala da minha casa. Estranho ser uma jovem. Sempre imaginei exorcistas tipo padres velhos, como você vê em filme de terror americanos.

  - Você não me chamou aqui, Paulo.

  Eu não dei bola para sua resposta. Só queria saber se ela era a pessoa certa, e não uma vigarista tentando aproveitar meu dinheiro. Resolvi testá-la.

  - Você vê mais alguém além de nós?

  - Sua esposa. Ela esta sentada na terceira cadeira da sala, olhando para nós. Ela está chorando.

   Será que ela estava vendo de verdade, que nem eu? Ou estava apenas sendo esperta. Talvez ela tenha estudado o que aconteceu ano passado, quando minha esposa morreu em um acidente. Percebeu como eu olhava para a cadeira. Eu não queria ser enganado.

   - O que ela está vestindo?

   - Ela está usando uma roupa preta, discreta. Sapatos com salto baixo. Não está usando maquiagem.

   - Ela tem que ir embora - era doloroso dizer isso, mas eu não podia mais aguentar.

   - Por que ela tem que ir embora?

   - Por que ela não pertence mais a este lugar.

   - Por que não?

   - Esta brincando? Ela morreu. Ela morreu há um ano. Eu a amava, ainda a amo, mas é hora dela partir.

   - Algumas vezes os mortos não querem aceitar a realidade. Algumas vezes eles não querem deixar este mundo. Consegue entender isso?

   - E você pode fazer algo a respeito?

   - Posso conversar com o morto. Ouvi-lo. Às vezes estabelecer um contato entre ele e aqueles que ele ama. E torcer para ser o suficiente para convencê-los a partir.

   - E tem algo que ela queira me dizer?

   - Sim. Ela gostaria que você soubesse que não foi sua culpa. Foi uma fatalidade. O carro deslizou na chuva, os freios não funcionaram, foi um terrível acidente. Mas não foi culpa de ninguém. E ela também gostaria que soubesse que ela sempre vai amá-lo.

   - Eu também vou amá-la. Para sempre. Diga-lhe que eu sinto muito, que eu sinto muito a falta dela.

   - Ela sabe, Paulo.

   - E ela vai ter paz, agora? Vai dar certo, isso?

   - É você que tem que me dizer isso, Paulo.

   - Eu? Por que eu?

   - Por que, como lhe disse, não foi você que me chamou. Foi ela.

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