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quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Último Grande General do Império Humano

   Hans Sebastian Kahn, último general do império humano, e certamente o maior general de todo a história do terceiro milênio, estava morrendo. Ele começou a morrer no exato instante que o campo de estase que mantinha seu corpo vivo foi desligado.
   Lekster, o lagarto, se perguntou se não deveria ter insistido para manterem o campo ligado, mas depois encolheu os ombros, em um gesto que aprendeu com os humanos que o criaram desde que nasceu. Melhor assim, o general Kahn merecia uma morte digna, era hora dele descansar. Hora de Lekster se despedir.
   - Lekster, é você? - a voz era quase um murmúrio, mas os olhos do general estavam fixos no lagarto. As drogas injetadas em seu corpo aliviavam a dor sem fazê-lo perder a lucidez. Lekster poderia se despedir pela última vez de seu general.
   - Sim, general, sou eu. Sempre aqui para servi-lo.
   O general fechou os olhos por um instante, suspirou, e então olhou novamente para Lekster, e esboçou um sorriso. - Nós conseguimos, então.
   - Sim, senhor, nós conseguimos. A Terra está salva. Como o senhor previu, os Itrans vieram nos ajudar. Trouxeram toda sua frota.
   - Eu não lhe disse, Lekster? Eu não lhe disse? - e o general começou a rir, até seu riso se tornar uma tosse, que terminou com sangue que ele guspiu no rosto do lagarto. Este fingiu nem perceber, o coração apertado por saber que não restava muito tempo, agora.
   - Conte-me como foi, Lekster, conte-me o que eu perdi.
   - Não há muito para contar, meu senhor. Fizemos o impossível. Na verdade, o senhor fez. Detivemos por quase 10 dias uma força mais de cem vezes superior a nossa.
   - Nós tínhamos que resistir, meu amigo, éramos a única coisa entre os Parddos e a destruição da Terra. A última frota que restou. Nós tínhamos que lutar até a última nave.
   - E foi o que fizemos meu general. Nossa nave foi a última a resistir. Os Itrans saíram do hiperespaço no momento que o torpedo nos atingiu. Eu não sei se o senhor chegou a vê-los no sensor.
   - Não - o general falou agora com uma voz mais fraca. Haviam lhe dito que ele não teria muito tempo, apenas as poderosas drogas injetadas ainda mantinham o general vivo - não, não vi, mas não importa. A única coisa que importa é que a Terra está salva.
   - Sim, meu general. A Terra está salva.
   - A Terra está salva - o general fechou os olhos, e Lekster, o único alienígena a jamais servir em uma nave de guerra humana, sabia que ele não voltaria a abri-los.
   - Ele se foi. - O médico Parddos se aproximou, vindo de trás do general, de fora de seu campo de visão.
   - Eu sei. Obrigado. Obrigado por deixá-lo descansar acreditando que os Itrans vieram, que sua última batalha não foi em vão.


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