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sábado, 14 de julho de 2012

O Último Rei Orco XXIV

Eles estavam a beira do primeiro lago. Não apenas os guerreiros orcos, mas suas mulheres, suas crianças. E seus prisioneiros.

Foram doze dias de caminhadas em um ritmo incessante, marchando até depois do sol se pôr, e levantando antes dele nascer, sempre apressados pelo rei dos orcos.

Os Orcos feridos eram levados em esteiras ou, se pudessem caminhar, apoiados nos companheiros. Em alguns, o rei orco derramava um líquido que ele trazia em um cantil, e, milagrosamente, eles pareciam se recuperar.

As prisioneiras humanas faziam o possível para seguir os passos de seus captores. As que não conseguiam acompanhar a marcha eram deixadas para trás, a garganta cortada de lado a lado.

Dos homens, nenhum foi poupado, exceto ele, Hodekin. Os orcos não haviam dado nenhuma razão para permitir que ele vivesse, exceto que era a vontade de seu lider. Mas ele sabia que, na verdade, eram as palavras de JUS PATER que o mantinham a salvo.

Ele quase desacreditou de seu deus, quase duvidou do poder de JUS PATER e perdeu sua esperança, no dia que caiu prisioneiro, mas JUS PATER o visitou em seu sonho, e renovou sua fé. Ele lhe disse, com sua voz divina, que os orcos desapareceriam, que o próprio J-VA teria seu nome esquecido, e os homens herdariam a terra. Certamente, caberia a ele, Hodekin, último homem vivo, ser o futuro pai de toda sua raça.

- Aqui está o primeiro lago, chegamos a tempo - a voz do Rei Makel ecoou no silêncio do bosque - ele em breve desaparecerá. Antes disto, ele cumprirá seu papel uma última vez.

E então, um estranho ritual se iniciou entre os orcos, que Hodekin observou ao longe, amarrado junto com as mulheres de seu povo. Um a um, cada orco entrou no lago , e um a um, o rei dos orcos os imergiu completamente na água, por um instante. A cada um ele falou uma mesma frase.

"Com a agua do primeiro lago, eu te batizo com um novo nome", e ele dizia para cada um, um nome. Somente depois de muitos e muitos passarem pelo lago, Hodekin percebeu que os nomes que Makel lhes dava não eram nomes de orcos. Eram nomes um dia usados em Asikli Houyk e em outras cidades dos homens.

Já era noite quando todos os orcos passaram pelo lago. Foi quando dois orcos vieram, e o carregaram até Makel.

- Hoje, a vitória dos homens se completa. Hoje, conforme a palavra de Z-US e a vontade de J-VA, nós, homens, herdaremos a terra.

Por um instante, Hodekin não entendeu as palavras, e então gritou, a indignação lhe dando coragem - Blasfêmia. Vocês são orcos, e JUS PATER os condenou a desaparecer. Os homens herdarão a terra.

- Orcos - e o orco olhou ao redor - eu não vejo nenhum orco aqui. Orcos são criaturas que certamente já desapareceram, ou lendas, talvez. Gigantes de pele esverdeada e presas no lugar dos dentes. Histórias que nossos netos contarão para seus filhos, para assustá-los. Eu só vejo humanos aqui. E você, sacerdote.

E o orco, a criatura que ousava se chamar de homem, segurou Hodekin pelo pescoço, com uma única mão - E quanto a você. O que você é? - E o orco segurou seu pulso direito com a outra mão, e mostrou para os que o cercavam - Um homem certamente não. Homens não tem quatro dedos nas mãos, nem olhos desta cor dourada, ou dentes escuros. Certamente não são tão pequenos. Diga-me, o que você é, criatura?

"Eu sou um homem", Hodekin pensou, mas não pôde falar. A mão do gigante segurava e esmagava seu pescoço, impedindo-o de respirar.

- Se você é um homem, diga - esperou uns instantes, enquanto Hodekin estava mais e mais desesperado por ar - silêncio? Pelo seu tamanho, eu digo que você é Fay, o povo pequeno. E meus netos contarão lendas a seu respeito, junto com as lendas dos Orcos, mas certamente elas serão para divertir as crianças, não para assustá-las. Talvez vocês sejam criaturas que façam travessuras, ou que façam nosso leite azedar - e todos que os rodeavam riram neste instante.

O rei soltou Hodekin, que caiu no chão.

- JUS PATER nunca permitirá isto, Makel dos Orcos

- Mak El? Este não é mais meu nome. A tribo de El não existe mais. Mak filho de Mak morreu neste mesmo bosque, quando eu nasci. E você viveu apenas para testemunhar o nascimento da verdadeira raça dos filhos de deus.

E o gigante desceu seu machado para cortar a cabeça de Hodekin.

- E de Adão, primeiro dos homens.

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