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FICÇÃO CIENTÍFICA  -  FANTASIA  -  TERROR.


Um Alien numa Terra Alien


Prólogo
    - Meu nome é Arnold Smith, e eu sou um oficial do serviço de inteligência humana. Nasci na Terra, no ano de 2719, me alistei em 2735, entrei para a inteligência em 2740 e de 2745 até 2750 atuei infiltrado na Hegemonia Fin sob a denominação Ralph. Há três meses minha missão foi encerrada, e recuperei minha forma humana.
    Cada sessão com o psicólogo iniciava com o mesmo ritual. Ele perguntava quem eu era, e eu respondia.
    Como em todas as outras vezes, eu olhava disfarçadamente para minhas mãos, enquanto repetia a mesma frase. Mãos humanas, cinco dedos, polegar opositor, pele clara. A sensação de que não pertenciam a mim persistia. Bastaria eu fechar os olhos para ver na minha frente pequenos tentáculos verdes.
    - E você se sente humano?
    - Doutor, eu sou humano. Nunca deixei de ser humano, mesmo quando estava naquele corpo alienígena. Tudo que eu sonhava, todos os dias, era poder voltar a ser eu mesmo. E agora que estou de volta, tudo que quero é rever minha família e deixar este pesadelo para trás. Só preciso que o senhor me dê alta.
    - Faremos isto quando estiver pronto, Arnold. Hoje, quero que me relate novamente sua última missão como Ralph, está bem?
    Respirei fundo, concordei com a cabeça, e começei mais um relato. Com certeza eles iriam comparar com todas as sessões anteriores, analisando para ver se eu estava escondendo alguma coisa. Mas o que haveria para esconder?
    - Eu estava de licença, por cerca de duas semanas - cinco ciclos curtos na contagem Fin, mas eu tomava cuidado de nunca referenciar diretamente elementos alienígenas em meus relatos - e era a primeira vez que estava em um dos mundos principais dos Fin. Fiquei surpreso em receber um contato do império mesmo lá.
    - Como foi isso? - a voz do psicólogo fingindo interesse. Eu tomei cuidado em responder sem deixar transparecer minha irritação.
    - Minhas missões eram transmitidas de diferentes formas, mas nos últimos meses eu vinha recebendo mensagens codificadas na própria rede de comunicação Fin. Até onde eu sabia, os Fins não tinham idéia que havíamos comprometido sua rede.
    - E que missão era esta?
    - Eu deveria tentar seduzir uma Fin. Supostamente ela fazia parte de um ciclo periférico de decisões estratégicas, e eu deveria me tornar íntimo dela e conseguir as informações que ela tinha acesso.
    - E como você encarou esta missão?
    - Era apenas mais uma missão. A única coisa que estranhei é que contrariava normas que haviam me sido passadas.
    - Normas?
    - Tínhamos ordens para não ter nenhum envolvimento mais próximo com os Fins, especialmente contatos íntimos. Supostamente isto poderia comprometer nossa capacidade de agir nos interesses do império.
    - E pelo visto, realmente comprometeu.
    O sangue me fluiu ao rosto, e eu contive um impulso de avançar em direção ao psicólogo. Eu continuei o relato, sem me deixar levar pela provocação



Capítulo I
    Bastava eu fechar os olhos para vê-la como estava no dia em que a conheci, sentada absorvendo a luz do sol, a pele em um ligeiro tom castanho, uma tonalidade que eu nunca havia visto igual.
    "Estou lembrando novamente o que aconteceu para ter certeza que não vou esquecer nada, na próxima vez que relatar minha história para os psicólogos", eu menti para mim mesmo.
    Ela sorriu, me convidando para sentar ao seu lado, quando me aproximei. Não, sorrir é um termo inadequado. Ela de fato sorriu, o rosto Fin curiosamente semelhante ao humano na capacidade de expressar emoções, mas foi muito mais que isto. Os transmissores de odor liberando um quase imperceptível sinal de aceitação, os tentáculos de ataque se retraindo para mostrar confiança, a cor de sua pele se tornando ligeiramente mais clara.
    Foi ensurdecedor. Não realmente ensurdecedor, pois não houve nenhum som. Não havia uma analogia humana para descrever. Há 5 anos eu vivia, disfarçado, entre os Fin, mas todos meus contatos eram - e eu sempre sabia que permaneceriam - profissionais. Será que a diferença era por eu saber que minha missão era me aproximar dela?
    As respostas automáticas de meu corpo começaram assim que me sentei ao seu lado. O fluxo sanguíneo aumentou, escurecendo minha pele, certamente com meu estado de ansiedade vísivel para ela. Se eu tivesse um coração, ele estaria batendo acelerado. Ela emitiu novos sinais pelo odor, ainda sutis, mas deixando claro que percebia e apreciava minha reação.
    Eu estava agindo como um Fin adolescente, o que era compreensível. Como Fin eu realmente era ainda uma criança, e estava lidando com reações automáticas do meu corpo que eu nunca havia vislumbrado antes. Um misto de vergonha e medo de comprometer meu disfarce só tornaram o turbilhão de emoções ainda mais confuso.
    Ela encostou a mão em meu braço e deslizou até minha mão, um gesto quase humano, os pequenos tentáculos fazendo o papel de dedos. Um sinal para me acalmar. Simpatia, um tom maroto, um leve toque de malícia. Ela transmitia sinais emotivos com uma velocidade e sutileza tal que eu mal conseguia acompanhar. Em ambientes formais - que era quase só o que eu conhecia até então - os Fins se esforçavam para transmitir mensagens definidas e sem ambiguidade. Eu não estava preparado para este tipo de contato.
    - Um soldado, uma de nossas defesas vivas contra o flagelo - sua voz também era diferente, e levei um segundo para entender por quê. Junto com o som das palavras, uma segunda onda, em frequência quase inaudível, acompanhava sua fala, como se acariciasse cada palavra. Como explicar em palavras humanas? Era como se ela falasse em uma voz sedutora, mas - como todas as tentativas de descrevê-la - esta era só uma analogia grosseira.
    - Meu nome é Ralph, quarto cantor das sombras de Amarth, terceira geração de Fins do mundo de Alar. Eu sou realmente um soldado, em licença por alguns ciclos curtos. Como soube?
    - Meu pai era um soldado, assim como toda minha família, menos eu. Eu sei reconhecer um de longe, o treinamento faz vocês perderem a naturalidade, é quase como se estivessem tentando deixar de ser Fin. - ela sorriu novamente. Aceitação, malícia, mas uma sutil mensagem de tristeza, principalmente pelo odor, que se ampliou até disputar espaço de igual para igual com as outras emoções. - mas estou sendo indelicada. Meu nome é Saath, quinta luz da cidade de Dath, primeira - aqui uma ligeira hesitação - primeira e última geração de Fins do mundo de Rarth.
    - Eu sinto muito - Rarth, Colônia 7, o mundo que destruímos no início da guerra.
    Nós conversamos por toda aquela tarde. Ela me disse que havia perdido toda sua família. A maior parte em Colônia 7. O pai e um irmão nos meses seguintes, em batalhas. Ela me contou que estava atuando em um ciclo tático, e tinha esperança de ser elevada para um ciclo estratégico, onde poderia contribuir de verdade na luta contra o flagelo.
    Ao final do primeiro dia, nosso contato estava estabelecido, e marcamos de nos ver no dia seguinte. Provavelmente meus superiores queriam que eu conseguisse algum tipo de acesso a informações estratégicas privilegiadas. Sob qualquer ótica, meu primeiro contato com a Fin foi muito bem sucedido.
    Por que, então, eu me sentia tão mal?
    É claro que hoje eu sei a resposta.


Capítulo II

    Agridoce. A palavra humana me veio a mente quando buscava um termo adequado, humano ou Fin, para descrever meus sentimentos enquanto estava com Saath. Foram os melhores dias de minha vida. E os piores.
    No primeiro ciclo curto eu ainda conseguia me iludir dizendo que estava apenas cumprindo meu dever, de me aproximar de uma Fin para obter informações estratégicas. Se nós demonstrávamos uma afinidade cada vez maior, se estar com ela fazia minha vida na terra parecer cada vez mais distante e alienígena, não eram apenas provas que minha missão estava avançando conforme previsto?
    Foi só no segundo ciclo curto que eu tive que me confrontar com a verdade. Foi quando recebi as primeiras ordens para começar realmente a espionar.
    - Nosso gargalo logístico? Neste momento, provavelmente ainda é a conversão das indústrias. Acreditamos que o flagelo se expande mais rápido e é mais produtivo que nós, mas temos uma enorme base instalada de indústrias não bélicas. - eu perguntava e ela respondia abertamente, como se não estivesse revelando segredos cruciais.
    - Nossa prioridade? Com certeza, adquirir a iniciativa na guerra. Até agora, temos apenas reagido, mas em dois ciclos longos, teremos a nova frota pronta para operar. Isto vai mudar o rumo da guerra, tenho certeza - eu cuidava para esconder minha frustração, cada vez que ela respondia abertamente as minhas perguntas, sem aparentar suspeita e sem esconder nenhuma informação. Minha vontade era dizer que ela não podia revelar segredos desta forma. Ela não sabia que a Hegemonia já tinha provas concretas de que havia espiões em seu meio? Que estes segredos que ela me revelava sem hesitação poderiam representar o fim de sua civilização?
    Naquela noite, eu passei meu primeiro relatório sobre a operação. "Aproximação bem-sucedida. Fin reticente em repassar informações estratégicas. Nenhuma informação relevante obtida até agora. Prosseguindo com contato.". Era melhor esperar mais alguns dias e validar antes de passar informações falsas ou incompletas, foi a justificativa que dei para mim mesmo. Eu não me convenci. Não convenceria o Império também.
    No terceiro ciclo nossa relação foi para um novo patamar. Contatos íntimos, foi a descrição contida nas ordens que eu havia recebido. Contatos íntimos. Só humanos descreveriam desta forma tão simples, mas mesmo em Fin não havia uma expressão que fizesse jus ao que compartilhamos.
    Estávamos em seu apartamento. Um termo estranhamente adequado. Nos mundos periféricos os Fin viviam integrados em comunidades, sem nada que parecesse uma casa ou pertencesse a uma pessoa em particular, mas nas suas grandes cidades industriais eles viviam não muito diferente dos humanos, cada Fin com seu apartamento, em grandes edifícios que poderiam bem fazer parte de uma cidade humana.
    Os Fin raramente ingerem bebidas ou drogas, mas reagem de forma muito mais direta a outros estímulos. Entrar no apartamento de Saath me fez lembrar nosso primeiro encontro. Tudo nele parecia transmitir e amplificar a presença dela. Odores semelhantes aos que ela gostava de transmitir, sons em diferentes frequências especialmente modulados, que lembravam sua voz.
    Nós passamos horas ali, e pouco me lembro do que falamos. Lentamente, quase sem eu perceber, nossos corpos se tocaram, e eu senti pequenos fluxos de eletricidade navegarem entre nós dois. Depois, nossos tentáculos sanguíneos se encostaram, e começaram a trocar sangue. Quando vi, minha pulsação e a dela eram só uma, o sangue circulando por dois corpos como se fossem um, um sofisticado processo de troca de DNA transformava nossos corpos. Naquele instante, eu era Fin, e toda minha identidade humana era apenas um sonho distante.
    No dia seguinte, recebi a ordem de matá-la.




Capítulo III
    Ela iria me odiar? Se sentir traída? Pior, ela teria nojo de mim, nojo de si mesma pelo que partilhamos?
    Eu repetia a cena em minha mente incessantemente, imaginando centenas de cenários diferentes, mas em nenhum ela me aceitava pelo que eu era, um humano em um corpo Fin. Eu tentava imaginar a cena em que eu revelava a verdade e ela dizia que isto não importava, que nosso amor era maior, mas simplesmente não soava realista.
    Eu era o flagelo. Eu havia destruído seu mundo, Rarth, e exterminado toda sua família.
    Eu era o inimigo.
    Todos os cenários eu criava em minha mente, enquanto seguia rumo a seu apartamento, exceto um. O único cenário que eu não era capaz de imaginar era o de cumprir as ordens do império.
    Nos relatos para o psicólogo, eu comentava de ter passado a noite atormentado, me preparando para cumprir minhas ordens. Em todas as vezes que repeti minha história, eu cheguei ao apartamente dela decido a seguir com minha missão, apenas para no último momento hesitar. A realidade é que em nenhum momento pensei em qualquer outra coisa que não fosse revelar a verdade. Ela corria perigo, o império queria sua morte, e o único jeito de protegê-la era revelando quem eu era.
    - Você está estranho hoje, Ralph. O que houve?
    Ela sorriu para mim, todo seu corpo mostrando uma expressão de prazer em me ver. Eu sabia que seria a última vez que ela me olharia desta forma. Pouco importa o que acontecesse, mesmo que ela me perdoasse, mesmo que os Fin não me matassem, ela nunca mais pensaria em mim da mesma forma. Mas o império a queria morta, e eu tinha que avisá-la.
    - Eu tenho algo para lhe dizer. Você provavelmente vai me odiar, mas é importante que escute.
    Ela tentou com um gesto me dizer para ficar quieto, os odores revelando apreensão, tristeza. Mas eu não tinha realmente escolha.
    Eu contei tudo, como colocaram meu cérebro em um corpo Fin, como me infiltrei na Hegemonia. Como eu, e outros como eu, vínhamos espionando-os para o império. Ela ouviu em silêncio, e só falou quando eu terminei.
    - Eu achei que poderíamos ficar juntos. - Todo seu corpo exalando tristeza, revolta, mas não surpresa - Tudo que você tinha a fazer era passar os relatórios e provar que continuava confiável.
    Uma arma estava em sua mão, eu não vi de onde ela tirou. Seu rosto era duro, resoluto.
    - Arnold Smith, em nome do Império Humano, eu declaro sua missão encerrada.



Epílogo
    - Já se passaram 6 meses desde que chegou aqui, senhor Smith. Como está se sentindo?
    - Humano. Eu finalmente estou me sentindo humano.
    - E antes, nas nossas consultas anteriores, você não se sentia assim?
    - Não. Eu me sentia como um alienígena, um Fin, em corpo humano. - Meu rosto revelando repulsa, nojo.
    - Mas não era o que você dizia. - O psicólogo fingiu conferir suas notas - você dizia que só queria voltar a ver sua família, e que não havia motivo para mantê-lo retido. Você dizia, insistentemente devo salientar, que era, e sempre se sentiu, um ser humano.
    Eu abaixei a cabeça, como se envergonhado, e minha resposta soou hesitante, insegura - Era mentira, eu queria esconder que me sentia um alienígena neste corpo. Eu tinha acabado de voltar da missão. Estava com medo, com raiva, só queria escapar daqui. Em retrospecto, fico feliz por ter tido este tempo. Principalmente, estou feliz por poder voltar a me sentir humano.
    - Com raiva, você diz? Raiva de quem?
    - De Saath, digo, da agente Black. - Eu só vim a saber o nome verdadeiro dela depois de ter retornado da missão - Eu a culpava por ter testado minha lealdade ao império. E raiva de mim mesmo por ter falhado. Raiva e vergonha.
    - Vamos explorar um pouco mais estes sentimentos, senhor Smith. Você estava com raiva da agente Black porque ela estava testando se você ainda era leal ao império. Você ainda tem raiva dela?
    - Não. Se tenho alguma sentimento pela agente Black, é gratidão. Gratidão a ela e ao Império. Eu estava deixando de ser humano, deixando de ser humano e me tornando uma daquelas coisas. - Eu estremeci, como se o pensamento me desse nojo. - Acho - eu hesitei - acho que, cedo ou tarde, eu teria revelado quem eu era, teria tentado me tornar um deles. A agente Black só evitou que isto acontecesse em uma situação muito pior.
    -E você também estava com raiva de si mesmo, você acabou de dizer.
    - Sim. Por ter me apaixonado pela agente Black e traído o Império. Traído minha humanidade, na verdade.
    - Bom, o que você fez foi, sem dúvida, uma traição a tudo que a humanidade representa. Se você sentia raiva de si mesmo pelo que fez, isto pode ser visto como um sinal positivo.
    Eu balancei a cabeça, discordando do psicólogo, e continuei - Eu estava doente, doutor. Na minha visão doentia, eu estava imaginando que, se tivesse passado no teste e provado minha lealdade ao império, eu poderia continuar a missão. Eu poderia permanecer em um corpo Fin, e continuar junto com a agente Black. Eu realmente havia me tornado um alienígena - Eu coloquei o rosto entre as mãos.
    - Senhor Smith, já lhe expliquei, o que aconteceu com você era previsível, dadas as circunstâncias. Nunca deveríamos tê-lo deixado viver tanto tempo entre eles. Você era o agente que operou por mais tempo inserido dentro da hegemonia Fin. Só permaneceu tanto tempo em missão pelo enorme valor que representava para o Império, mas deveríamos tê-lo trazido de volta muito antes.
    - Eu entendo, doutor.
    - Deixe-me fazer, então, mais uma pergunta. Como sabe, com a possível exceção da agente Black, você é nosso maior perito nos Fins.
    Nas outras entrevistas de avaliação, você sempre disse que seria voluntário para novas missões inserido na Hegemonia. Você permanece disposto a atuar novamente dentro de um corpo Fin?
    Eu balancei a cabeça, quase como se instintivamente. Depois, após hesitar mais alguns segundos, respondi em voz baixa - não.
    - Por que não, senhor Smith? Certamente não temos ninguém melhor que o senhor para atuar disfarçado na Hegemonia. Você tem tanta repulsa a ocupar novamente um corpo Fin?
    - Sim. Não, quer dizer, não é isto. Não apenas isto. - Eu hesitei alguns segundos. Respondi com a cabeça abaixada, novamente em voz baixa - eu tenho medo.
    - Medo, senhor Smith?
    - Eu tenho medo de voltar a me sentir um alienígena. Eu tenho medo que eu me torne uma daquelas coisas, que esqueça que sou um ser humano. Doutor, eu tenho medo que eu acabe fazendo o que tentei seis meses atrás, que eu acabe traindo o império e a humanidade. Por favor, eu imploro, não deixe que me mandem de volta para lá.
    - Seu medo é compreensível, senhor Smith, mas não precisa se preocupar. Devo avisá-lo que, de qualquer forma, nós nunca reintroduzimos agentes na Hegemonia. Mas sua resposta é muito importante. Seu medo na verdade é saudável.
    Eu fiquei em silêncio, aguardando que o psicólogo continuasse.
    - Bem, senhor Smith, deixe-me, então, fazer a pergunta mais importante de todas. Quem é você?
    - Meu nome é Arnold Smith, e eu sou um oficial do serviço de inteligência humana. Nasci na Terra, no ano de 2719, me alistei em 2735, entrei para a inteligência em 2740 e de 2745 até 2750 atuei infiltrado na Hegemonia Fin sob a denominação Ralph. Há seis meses minha missão foi encerrada, e recuperei minha forma humana.
    - Esta tem sido sua resposta ao longo destes seis meses, senhor Smith. Mas existe uma diferença agora. Você sabe qual é?
    - Não.
    - Sinceridade. Como psicólogos, aprendemos a perceber o verdadeiro significado por trás das palavras. Hoje, finalmente, eu tenho certeza que você realmente se sente, e é, Arnold Smith. Hoje eu posso dizer que Ralph é o que sempre deveria ter sido, apenas um personagem, um disfarce usado em uma missão.
    - Obrigado, suas palavras significam muito para mim.
    - Senhor Smith, o senhor fez uma longa jornada, uma jornada que não terminou realmente no dia que chegou no Império, nem mesmo no dia que recuperou seu corpo humano. Sua jornada de volta a humanidade foi concluída hoje, e eu quero ser o primeiro a lhe dar os parabéns.
    Eu saí da sala do psicólogo ciente que, pela primeira vez, era um homem livre, pelo menos tão livre quanto é possível ser dentro do império.
    Por seis meses ele me perguntou quem eu sou. Eu sei quem eu sou. E eu sei o que tenho que fazer. Não importa que resposta eu lhe dê. Não importa que corpo eu use, ou em que corpo tenha nascido.
    Eu sou Ralph, quarto cantor das sombras de Amarth, terceira geração de Fins do mundo de Alar.





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